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terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Desabafo.

Agora com um pouco mais de tempo e já sem estresse eu resolvi aparecer pra dar umas explicações acerca de meu desaparecimento, já não vivo mais no Panamá.

A vida no Panamá não muito fácil para quem é gringo.Tivemos muitos problemas de adaptação e aceitação de certas atitudes que em outras partes do mundo seriam vistas como injustiças e até mesmo como crimes.
Nosso primeiro problema surgiu quando compramos a primeira casa.A casa era nova, recém terminada, a compramos e pagamos em cash.Perante a lei panamenha toda casa nova tem uma garantia de um ano, o construtor tem que assumir essa responsabilidade e garantir que o novo dono tenha a casa funcionando 100%. Tivemos problemas no telhado, um buraco imenso foi aberto na cozinha e literalmente estava chuvendo dentro da cozinha, uma loucura.Tentamos com a ajuda do advogado forçar o construtor a se responsabilizar mas nada foi feito, processo no Panamá demora, às vezes demora mais de 5 anos e nada é feito.Nesse meio tempo, o cachorro pitbull de meu vizinho entra em minha sala e quase mata meu yorkie e morde meu parceiro.Fomos conversar com o dono do cachorro, um panamenho.O cara nos mandou tomar naquele local e disse que eramos gringos não estávamos em nossas terras, além disso tudo o cara gritou bem alto que apenas eramos viados e não tínhamos direito de estar alí.Então resolvemos comprar outra casa e sair daquele local e alugar a casa que tinhamos recentemente comprado.

O advogado que contratamos também nos sacaneou demais, encontramos erros na documentação da primeira casa que compramos, pagamos 182 mil dólares pela casa e ele menciona que pagamos 194 mil.Ou seja, no Panamá quando se vende uma casa o vendedor tem que pagar um imposto de transferência de propriedade que corresponde a 5% do valor declarado. E com esse erro gritante que o advogado comenteu nós vamos perder ainda mais grana.Tentamos conversar com ele para que o erro fosse reparado mas não tem como resolver o que já foi feito.Além disso, pagamos o pagamos para fazer um testamento e nunca vou ver o documento e jamais terei meu dinheiro de volta. Meu visto nunca saiu e nunca vai sair pois o wonderful advogado não fez nada e nem vai fazer. O pior de tudo é que não poderiamos nem reclamar dele, afinal, somos gringos e no Panamá o povo nativo tem preferência, gringo vem depois. Nem mesmo outros advogados queriam nos ajudar, uma situação louca e muito agravante, um estresse de matar.

Daí fomos para a outra casa.Tudo estava indo muito bem, um área melhor e bem tranquila.Porém uma nova marcação contra a gente começou.Eram preços mais altos para tudo por sermos gringos, e muita injustiça e nenhum orgão do governos para nos ajudar e pra piorar a situação a imigração não queria mais renovar meu visto, nativos nos tratavam péssimamente por sermos gays, o clima também não ajudava, foram 7 meses de chuva todos os dias, e muito estresse pra tentar resolver problemas simples.Cheguei ao ponto de implorar a embaixada brasileira da Cidade do Panamá para dar ao meu parceito um visto permanente, queriamos voltar para o Brasil.Já não aguentávamos mais tanta merda, tanto sofrimento e tanto preconceito. Infelizmente a embaxiada não pode nos ajudar. Parece que a embaixada não nos qualificou para um visto permanente baseado em união estável: formalizamos a união em SP em 2007, temos condição de ter casa própria e não precisamos depender do gorveno.Mesmo assim não pude conseguir o visto para meu parceiro, embora a lei brasileira permita esse tramite.

Cansado de ter tanto estresse e de viver no Panamá eu resolvi tentar um visto americano. Todos os nossos bens estavam em nome de meu parceiro, o advogado disse que tinha que ser assim por motivos de imigração, outra mentira. Preenchi o formulário online na embaixdada americana aqui, juntei tanta papelada, contas bancárias que tínhamos no Brasil foram terminadas, carros que foram vendidos, fotos de casas que foram vendidas, um verdadeiro bolo de papel, fui ao consulado com a cara e coragem.Apenas tinha uma conta corrente com meu nome no Panamá e mais nada.Era minha única chance.
Dia de minha entrevista chegou e meu celular toca, meu pai ligando pra me dizer que uma de minhas tias favoritas acabara de morrer.Pronto, é o que eu precisava no dia da entrevista. Peguei o avião e fui até a capital do Panamá e entrei na mebaixada. Sem derramar uma lágrima pela morte de minha tia eu fiz minha entrevista, e em nenhum momento o carinha me pediu documento, apenas me perguntou o motivo da viagem e eu disse que era turismo e pesquisa.Visto garantido! Quando escutei isso eu desabei no chão e era felicidade por ter uma chance de sair do Panamá e começar uma vida nova e tristeza por ter perdido minha tia.

Apareceu um comprador para a segunda casa que compramos no Panamá, vendemos a casa e perdemos mais 30 mil dólares na venda, mas pegamos a oferta e fizemos as malas, contratamos o container, peguei meus dois yorkies e larguei tudo.Estou na Florida desde 18 de dezembro de 2011, e agora vou lutar por minha imigração aqui.

Não desejo pra ninguém o que passamos,e tudo isso começou porque o Brasil não quis renovar o visto de meu parceiro.Tihnamos casa própria em Friburgo, lote na praia, dois carros, planos de saúde, empregados e investiamos no país e mesmo assim o meu grande Brasil não lhe deu um visto.

Sei que ainda temos uma casa e um carro pra vender no Panamá, mas o alívio de estar longe e fora daquele local é muito grande.
Acho que agora eu devo começar um Tiago na América. hehehe

Um comentário:

  1. Ola!
    Entrei aqui so pra dar uma olhadinha e acabei perdendo o sono rsrsr. Adorei ler os seus post! Claro, fiquei pasma por muitos fatos que vc relatou e vc tem toda a minha solidariedade, mas amei ler tudo do principio ao fim!
    Muita sorte para a sua nova vida na America e espero que continuarà a escrever de la tb.
    Feliz Ano!

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