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terça-feira, 14 de setembro de 2010

Educação no Panamá

Essa semana preciso renovar meu visto de estudande, sei que vou ficar no mínimo 3 horas na imigração em David, já vou preparando meu lanche básico.

Na verdade eu não estudo no Panamá, embora tenha ido à universidade pra me matricular e tinha mesmo intenção de estudar aqui. A qualidade do ensino me desanimou, é bem fraco mesmo, e me parece que isso não vai mudar tão cedo.Me lembro que não tive que fazer nenhum tipo de prova pra ser aceito na universidade, nem mesmo tive que comprovar que tinha cursado o ensino médio no Brasil.Apenas escolhi um curso, me matriculei e pronto.

O idéia de se conseguir um visto de estudande era pra me ajudar a morar aqui, como meu parceiro e eu tivemos que sair do Brasil pois ele não conseguiu o visto permanente por união estável,  o Panamá foi a salvação. É fácil de conseguir visto permanente aqui, basta investir n país, comprar casa, ou simplesmente demostrar que você tem uma fonte de renda estável, ou seja, algo que venha do governo. Ray está como jubilado, uma forma de aposentado, e tem descontos em quase tudo que compra no país, uma regalia que chama à atenção de muitos pra morar aqui.

 

Sobre a educação, me lembro que uma das professoras do curso superior me perguntou se eu tinha estudado geografia e história no Brasil.Fiquei pasmo com aquela pergunta.Imagina! Depois descobri que aqui é normal para uma pessoa com 15 anos ter se formado até o ensino médio.Eles não têm base nenhuma, é possível ver a falta de instrução no dia-a-dia. Segundo me informaram, o panamenho precisa fazer um cursinho pra trabalhar de operador de máquina de xerox, e se algo acontecer com a máquina que ele está autorizado a usar, o carinha precisa fazer uma reciclagem ou dar um upgrade em suas técnicas pra poder usar a nova máquina de xerox. Parece coisa de louco, mas é fato. Então eu resolvi não estudar na universidade aqui, pois o nível seria mais baixo que o nosso ensino médio no Brasil, embora eu teria um diploma universitário. Eu prefiro ter o conteúdo, aprender algo à ter um pedaço de papel, um título.

O problema no sistema educacional reflete na cultural local, imagina que aqui é “normal” que pessoas cortem fila, que passem na frente sem mais nem menos.Sempre que estou no mercado ou em bancos encontro um que queira passar em minha frente,mas comigo não cola. Outras vezes encontro senhoras tentando cruzar a rua e ninguém para ou reduz a velocidade, ninguém oferece ajuda, e se alguém lhe esbarrar na rua, não espere um pedido de “desculpas” pois não vai escutar nada. É mesmo uma sociedade bem gelada e pobre em educação e gentileza.

Com pouca instrução o panamenho precisa a se submeter a trabalhar por quase nada, imagina que há pessoas que oferecem serviços por 1,50 dólares por hora.São pagamentos absurdos, sub-humanos, não sei como fazem pra comer, apenas sobrevivem, não têm sonhos, não almejam nada, apenas sobrevivem.É bem triste. Minha empregada, uma jovem de 23 anos, tem filho e ainda mora com a mãe.Lhe pago 18 dólares por dia, vem duas vezes por semana pra limpar a casa.Sei que muitos pensam que pago demais, mas não posso compactuar com o trabalho sub-humano que há por aqui.Lhe ensino a cozinhar, faço pratos internacionais pra que ela tenha conhecimento do que há no mundo, falamos de outros países, imagina que ela não sabia o que era Rússia, pensou que fosse um pão.Nunca vi ninguém tão “cru” em toda minha vida, nem mesmo em Angola, mas com tanta vontade de aprender.Estou traduzindo “O Cortiço” pra ela, toda semana lhe dou um capítulo novo, ela diz que está adorando e me agradece por lhe mostrar que não há somente o Panamá.

O Panamá precisa de ajuda, precisa educar seus filhos e salvar a nova geração, a bola de neve não pode crescer mais.

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